Freguesia
População:
1012
Actividades económicas:
Agricultura, extracção e transformação de granitos e indústria têxtil
Festas e Romarias:
S. João Baptista (padrono da freguesia), Nossa Senhora das
Dores e Nossa Senhora das Candeias
Património:
Igreja matriz, portal heráldico e Alminhas da Casa do Paço
Outros Locais:
Miradouro da Igreja Nova, da Boavista, de Salgueiro, da Feiteira, da Arcela
e da Lagoa
Artesanato:
Tecelagem e cestaria em vime
Colectividades:
Associação Juvenil Fórum Airão S. João, Grupo Desportivo Airão C.,
Associação Cultural e Social de Airão, Grupo Coral e Lar de Idosos
Orago:
S. João Baptista |

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Descritivo Histórico
É para poente a última freguesia
do concelho de Guimarães e dista da sede do concelho 13 km aproximadamente.
Como toda a região a que pertence, embora acidentada —
estende-se pelas vertentes S e SE dos seus montes da Corviã e da Lagoa — e
de cerca de 300 ha de área geográfica, tem uma densidade demográfica
considerável e apenas despovoado o cume dos montes.
De povoamento tipicamente disperso, abraçam-se às
casas os terrenos de cultivo (do milho, do centeio, do feijão, da vinha "de
enforcado" e da horta) e cobre o alto dos montes uma pujante vegetação
florestal onde abundam o pinheiro e o eucalipto à mistura com o tojo bravo.
Aqui e além, lisa ou rugosa, sob a forma de altivas penedias brilhando ao
sol ou de extensos lajedos rasando o chão, emerge a rocha granítica, uma das
principais, porventura a principal fonte de riqueza da terra.
Nos mais altos e distantes confins da freguesia
ponto de confluência, a ONO, dos Concelhos de Guimarães, V. N. Famalicão e
Braga, onde se situa o monte da Curviã, no lugar da Arcela, alguns objectos
de inegável valor arqueológico (fragmentos de telhas, vasos, seixos, carvão,
etc.) ali achados em escavações realizadas pelos anos 50 (pelo então prof.
do Seminário Conc. de Braga Dr. António de Castro Xavier Monteiro),
levam-nos a dar como certa a existência de uma ou mais povoações castrejas
pré-romanas naquelas paragens. A confirmá-lo temos, aliás, o étimo (arx-fortaleza)
do topónimo que dá o nome ao lugar Arcela e, também, o topónimo Castelo de
um outro lugar muito próximo daquele.
Como freguesia, após a reconquista cristã, Airão
aparece documentada desde os fins do séc. XI e nos sécs. seguintes.
Nos fins do séc. XII já Honra, isenta de tributo real, pertencia a D.
Rodrigues Vasques e no séc. XIII, a D. Chamoa Gomes, como assinalam as
inquirições régias da época: "in collatione Sancti Johanis de Airam ...
honor vetus domini Roderici Valasci", 1258, "freg. de Sam Johane de Ayram, a
Paço d'Ayrã que foy de Dona Chamoa Gomez", 1290.
Pertenceu a Honra de Airão algum tempo a D.
Chamoa Gomez, a qual, juntamente com seu marido, D. Rodrigues "Froias", a
deu ao mosteiro de Santo Tirso com todas as suas herdades e mais pertenças
no ano de 1253, herdades e mais pertenças que desde logo o mosteiro
emprazou, em sua vida, a Rui Martins de "Normais", casado com D. Senhorinha
Rodrigues.
D. Rodrigo Vasques, o velho senhor da Honra de
Airão, segundo os linhagistas, era filho do Conde D. Vasco Sanches (casado
em data posterior a 1167 com D. Urraca Viegas, filha de D. Egas Moniz) e D.
Vasco Sanches era, por sua vez, filho de D. Sancho Nunes "de Celanova" e de
D. Teresa Henri-ques, sobrinha de D. Afonso Henriques. D. Afonso Henriques
terá dado a honra de Airão a D. Sancho Nunes "de Celanova" pelos serviços
por ele prestados como fiel partidário seu nas lutas contra a rainha D.
Teresa sua mãe. De D. Rodrigo Vasques, casado com D. Toda Palazim, nascera
D. Teresa Rodrigues e, desta, casada com o rico-homem D. Gomes Soares,
nascia D. Chomoa Gomes, herdeira por sua mãe na Honra de Airão.
Documentos do séc. XV dão mais notícias sobre a igreja de Airão, a qual era
já nesse tempo do padroado do bispo da diocese, isto é, de apresentação da
mitra de Braga.
Carvalho da Costa menciona nesta freguesia o
Morgado de Airão e diz que foi instituído por Fernão de Sousa com capela no
capítulo do Mosteiro de S. Domingos de Guimarães.
Em rigor tal Morgado foi instituído por João
Pereira, senhor de Castro de Aire e data de 11 de Junho de 1526 o seu
testamento com a instituição do dito vínculo.
Embora constituído por mais bens, o Morgado tinha
por cabeça a quinta do Paço de Airão, como determinava o instituidor que
estabelecia também de só o haverem de possuir os da sua descendência numa
sucessão por ele igualmente regulada no testamento.
No ano de 1788 era sucessor e possuidor do Morgado de Airão o 4.º Conde de
Avintes e 2.º Marquês de Lavradio. Nos fins desse ano o seu administrador e
procurador João Xavier de Oliveira Barros Leite, do Porto, fazia prazo para
património, do casal do Paço de Além de Airão, ao afilhado do mesmo Conde e
cunhado seu, Luís João do Couto Alão, religioso do Mosteiro dos Gerónimos de
Lisboa e filho do capitão João Luís do Couto Alão. A este a rinha D. Maria I
deu carta de brasão em 11 de Maio de 1790. De D. Ana Felizarda do Couto
Alão, irmã do dito religioso e casada com João Xavier de Oliveira Barros
Leite, foi filha e herdeira da casa do Paço de Airão, D. Maria Engrácia
Xavier de Barros Leite de quem descendem por linha paterna os actuais
possuidores da mesma casa, cujo portal, rematado pela pedra de armas dos
antepassados da família, tem a inscrição : "anno de 1789".
O conhecido escritor e polígrafo Teófilo Braga, cuja esposa era oriunda
desta mesma família da casa do Paço, vinha todos os anos a Airão, à sua
quinta da Pereira, onde passava as férias com a família, embora vivesse em
Lisboa.
Nesta quinta da Pereira, entre vinhedos e
milheirais, escreveu ele, em Agosto de 1900, o seu poema em doze cantos —
"Os Doze de Inglaterra" e dois anos mais tarde a dedicatória para o mesmo
poema oferecido à esposa.
Dignos de memória, este poema e seu autor, com os
quais A. é, de verdade, musa inspiradora de poetas.
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